Uma Pequena Mandíbula Pode Mudar Tudo o Que Sabemos Sobre a Migração Humana

A mandíbula de 1,8 milhão de anos, encontrada em um sítio arqueológico do tamanho de dois vagas de estacionamento, revoluciona o cronograma da migração humana da África.

9/2/2025

Arqueólogos na Geórgia (o país, não o estado americano) anunciaram a descoberta de uma mandíbula que pode redefinir nossa compreensão sobre os primeiros humanos. "É oficial!", declarou Giorgi Bidzinashvili em uma postagem no Facebook. "Uma mandíbula inferior de homem de 1,8 milhão de anos foi encontrada em Orozmani!" Bidzinashvili, professor de arqueologia da Idade da Pedra na Universidade Estadual Ilia em Tbilisi e um dos líderes do projeto, tem motivos para se empolgar. Essa descoberta representa alguns dos restos humanos mais antigos já encontrados fora do continente africano.

Desenterrada no pequeno sítio de escavação de Orozmani, na Geórgia, a mandíbula pertence a um Homo erectus, acompanhada de evidências abundantes de que esses caçadores-coletores eram bem-sucedidos emsuas atividades. Em sua postagem, Bidzinashvili afirmou que as novas descobertas fortalecem a posição da Geórgia como o principal local para o estudo da migração humana inicial da África, uma afirmação apoiada pelo vilarejo vizinho de Dmanisi, onde crânios humanos de 1,77 milhão de anos foram encontrados anteriormente.

O fragmento da mandíbula inferior continha dois dentes, mas esses não foram os primeiros dentes descobertos no local. Na verdade, em 2022, na mesma camada onde a mandíbula foi encontrada, os arqueólogos descobriram um dente humano. Esse dente foi o primeiro vestígio de restos humanos no sítio. Antes disso, de acordo com o Georgia Today, apenas fósseis de animais e ferramentas de pedra haviam sido encontrados ali.

Esses itens, é claro, também ajudam a pintar um quadro da vida do homem primitivo. Junto com a mandíbula, a equipe encontrou uma mistura de fósseis de animais, incluindo tigres-dentes-de-sabre, elefantes, lobos, veados e girafas. Eles estavam ao lado de uma variedade de ferramentas de pedra que teriam sido usadas pelos caçadores-coletores iniciais, oferecendo novas pistas sobre como era a vida nessa época.

Além da natureza notável da descoberta em si, chama atenção a frequência com que achados como esses são feitos no sítio de Orozmani, descrito pela NBC News como "menor que dois espaços de estacionamento".

"No meu segundo dia [na escavação], eu encontrei um ossinho de tornozelo bonito", contou Miles Alexandre, um graduado em antropologia da Universidade de Rhode Island, à Reuters. "Você desce cinco centímetros... há uma boa chance de encontrar algo."

Então, o que exatamente a mandíbula de Orozmani nos diz sobre os primeiros humanos? Bidzinashvili, junto com o colega Nikoloz Tsikaridze, escreveu que o Homo erectus é considerado o primeiro hominídeo a se espalhar da África para a Eurásia, e sugerem que o novo achado representa uma variante regional do Homo erectus. Estudos adicionais dos restos em Orozmani podem oferecer uma nova perspectiva sobre o movimento humano.

"O estudo dos restos humanos iniciais e dos fósseis de animais de Orozmani nos permitirá determinar o estilo de vida dos primeiros colonizadores da Eurásia", disse Bidzinashvili. "Acho que Orozmani pode nos dar grandes informações sobre a humanidade."